Quando Boy George criou a imagem com que ficou famoso, nos anos 80, eu ficava confusa. Muita gente ficava, acho.
Era um cara, se maquiava como mulher, se vestia como homem (exótico), cantava como homem, olhava como mulher, e não parecia ser uma coisa nem outra.
O que sempre me intrigou foi isso: não parecia, pra mim, que ele parecesse qualquer coisa que já conhecíamos. Ele não criava confusão alguma quanto à sua sexualidade - isso sempre pareceu claro -, e sim quanto ao gênero. E nisso acho que até hoje ele foi único.
Pensei em outras pessoas que, com visuais andróginos, pudessem ter conseguido o mesmo efeito, e não lembrei de ninguém. Porque Boy George não tentou; ele fez.
Homem linda? Sei lá, mas não conheço ninguém que tenha criado uma imagem com tanto impacto e ao mesmo tempo tanta leveza. Não era como ninguém que quisesse provocar um abalo nos sistemas de rótulos com uma atitude invasiva, agressiva ou chocante. Era só ele mesmo, único, porque que um homem se maquiasse nunca causou a impressão que ele causava com aquele olhar suave, aquele sorriso meigo, aquele jeito leve e inclassificável.
O glamour de alguma coisa impossível de existir aparecia nele com pouco esforço, com muita autenticidade. Eu não conseguia - e ainda não consigo - separar a produção (make, roupas) da pessoa real, por causa da maneira tão confortável que ele usava aquele visual. A grande confusão que ele fazia não era, eu penso, pela produção que ele fazia, e sim por parecer tão naturalmente à vontade e autêntico, provocador e inocente, nascido daquele jeito mesmo.
Hoje muitas pessoas (artistas ou não) forçam a boa vontade da gente pra serem originais, inovar e aparecer, mas sempre sinto alguma coisa artificial, forçada e agressiva quando vejo esses personagens.
Sair do berço inglês e conviver com os restos do movimento punk com aquele visual e aquela atitude cheia de meiguice, e circulando com tanta suavidade e estilo, só ele, oa lindoa Boy George.
Eu posso escrever duzentas páginas e nunca definir a impressão que causa ver Boy George cantar maquiado, linda, doce, com um vozeirão maravilhoso que eu amo ouvir até hoje. Esse é o negócio: vai descrever ou definir Boy George... Impossível.
Melhor é ver e se inspirar nele, porque fico pensando que se ele pôde andar assim com tanta autenticidade numa 'pele' que até então não existia (e não sei se existe ainda), sendo tão simples e complexo ao mesmo tempo, e se ele pôde, com tanta segurança e suavidade, nesse mundinho padronizado, ser elea mesmoa, anos luz de qualquer padrão, qualquer um de nós pode.
Inspiração pra todo mundo, esse olhar de Boy George provando que suavidade e beleza têm A Força. ;)
Inspirem-se:
6 comentários:
Sempre adorei ele também!
E engraçado é que eu era novinha e cheia de preconceitos (a gente melhora tanto quando fica mais velha, né?), e mesmo assim eu nunca fiquei "chocada", só conseguia olhar e achar lindo, simpático.
É como vc disse: enquanto para uns fica fake, pra ele ficava natural.
:)
Renata, achei lindo o jeito que vc descreveu Boy George! e concordo com tudo oq vc disse no post...
Eu ñ vivi o auge do Culture Club, mas sempre fez parte da minha vida, através dos meu pais e tal...
Acho Boy George um ser mágico, doce, meigo e lindo! único! vai ser dificil alguem conseguir causar a sensação q ele causa ao cantar e dançar daquele jeitinho...
bjos!
Ele eh o erapaz com cara de moça mais lindo do universo.... alias, era, hj em dia bom, o tempo eh implacavel... nos anos 80 teve uma moda de androgenia msm, era meio esquisitinho, mas o boy se superou... ele eh o máxmoooo!! ou fanzoca de carteirinha dele... mas convenhamos, os homossexuais ingleses e músicos são sempre ooooteeemoosss!!!
bjs
Eu tinha um disco dele da época com uma foto sem maquiagem...
Jisuis, era MUITO bonito!!!!
Tem uma amiga minha que anda igual o Boy George. É diferente mas é igual entende. Ela se veste igual homem mas a maquiagem é igual ele. Nunca tive coragem de falar pra ela que ela se parece com ele... Ela é maior do que eu sabe hehehe.
Beijosss
Engraçado é que hoje está mais velho (lógico, né, dããã rs), mas apesar do sobrepeso, ainda é bonitão.
E aquela fluidez dele realmente encantava, né?
É bom pra gente pensar 10 vezes antes de deixar alguma revista besta dizer como a gente tem que se maquiar, vestir, perfumar, falar, andar, se comportar, etc.
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